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Cremeb Itinerante no Sul contempla fiscalização no Hospital Manoel Novaes (Itabuna)

16 de dezembro de 2021

O município baiano escolhido para receber a última edição do Cremeb Itinerante este ano foi Itabuna, no Sul do estado. Visando aproximar a instituição dos médicos que atuam no interior, ouvindo os anseios e conhecendo de perto as necessidades da categoria, a iniciativa aconteceu na semana passada, nos dias 08 e 09.12. Além da tradicional palestra sobre “Publicidade Médica nas Mídias Sociais”, proferida pela 1ª Secretária do Cremeb, foi realizada uma reunião com os representantes do Conselho na região e uma fiscalização do Hospital Manoel Novaes, que é gerido pela Santa Casa de Misericórdia de Itabuna.

“O motivo de visitarmos o interior é conhecer a realidade para que o Cremeb possa ser a mola propulsora das mudanças necessárias”, afirmou Dra. Aline, durante o encontro com os representantes da Delegacia Regional Sul, que deu início as atividades do Cremeb Itinerante em Itabuna. Além da conselheira, estiveram presentes a delegada regional, a ex-conselheira Rosângela Melo, e os membros Neila Rocha Santos (representante de Ilhéus) e John Leahy Filho (representante de Itabuna), que é ginecologista e obstetra e chamou atenção para os problemas na assistência materno-infantil da região.

Ainda no primeiro dia da incursão, médicos da região marcaram presença na palestra sobre “Publicidade Médica nas Mídias Sociais, que aconteceu no Hospital Calixto Midlej Filho. Na oportunidade, os mais de 30 profissionais presentes puderam dirimir dúvidas sobre publicações nas redes digitais, como se é permitido ou não divulgar o preço da consulta e se pode publicar fotos de pacientes. “As regras definidas pelo Conselho Federal de Medicina visam proteger os médicos e a sociedade, de forma que não haja uma exposição dos pacientes e nem uma concorrência desleal”, alertou a 1ª Secretária do Cremeb, Dra. Aline Guimarães.

Fiscalização – O segundo dia de atividades foi reservado para uma fiscalização no Hospital Manoel Novaes, unidade referência para ginecologia e obstetrícia, neonatologia e pediatria. A conselheira Aline Guimarães foi recebida pela diretora técnica, a pediatra Fabiane Chávez, e pelo Dr. John Leahy Filho, que trabalha na unidade e estava de plantão no dia da visita. Entre os problemas relatados, a alta demanda da unidade, que, segundo eles, é proveniente também do fechamento da Maternidade Mãe Pobre (antiga Ester Gomes), e a dificuldade de contratar profissionais merecem destaque.

“Nós estamos trabalhando além do que a gente consegue. Eu, por exemplo, estou no ‘chão da fábrica’ o tempo inteiro, pois não tenho pediatra para cobrir todos os horários. Tenho trabalhado do jeito que eu posso para reforçar as escalas”, relatou Dra. Fabiane. Segundo ela, a problemática deve-se ao fato do Hospital absorver toda a demanda da assistência materno-infantil da região, o que está causando uma superlotação na unidade e, consequentemente, uma sobrecarga de trabalho para os profissionais. “Mesmo sobrecarregada, a ordem é atender todo mundo que chega aqui. Mas, vai chegar uma hora que a equipe não vai aguentar. Nós somos vítimas tanto quanto os pacientes”, desabafou ela.

De acordo com a gestora, em março deste ano, a prefeitura fez um acordo para que eles assumissem o sistema “porta aberta” da região, mas com algumas restrições, a exemplo dos municípios da região que não têm hospital só mandariam pacientes regulados. Isso, segundo Fabiane, não está sendo cumprido. “Eles mandam tudo para cá. Ilhéus, por exemplo, está nos mandando cesárea porque o centro cirúrgico do hospital novo não está funcionando. Ontem [dia 08.12], por exemplo, foi a tarde toda me pedindo ocitocina, vitamina K, argirol que, na minha opinião, é o básico do básico da obstetrícia. O problema é que, se eu emprestar, vai faltar para mim”, disse a diretora técnica.

Em relação a dificuldade de contratar médicos para a unidade, a gestora atribui o motivo à falta de novos profissionais na região. “Na obstetrícia há um envelhecimento do pessoal. Estamos importando esses profissionais de Mossoró, no Rio Grande do Norte”, afirmou Dra. Fabiane. Quando questionada pela conselheira do Cremeb se essa escassez não tinha relação com o histórico de dificuldade de pagamento aos médicos por parte da Santa Casa, a diretora técnica garantiu que, hoje, não há esse tipo de problema. “Eu acredito que a única forma da gente conseguir gente para trabalhar é formando as pessoas. Inclusive, estamos retomando o programa de residência, que já foi aprovado e terá duas vagas de obstetrícia e 3 de pediatria”, informou ela.

Entre as melhorias da unidade, que atualmente conta com 148 leitos ativos e atende pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) e de convênio, Dra. Fabiane registrou a contratação de um neurocirurgião pediátrico que, em apenas dois meses, realizou 60 cirurgias. Durante a fiscalização, não foi relatado falta de medicamentos e outros insumos, mas a unidade estava funcionando em sua capacidade máxima. “Estamos exauridos e eu não vejo uma luz no fundo do túnel, sem perspectiva de uma nova unidade. Tenho colegas que já estão com problemas psíquicos por conta da sobrecarga”, desabafou Dr. John Leahy Filho. De acordo com a diretora técnica, a unidade está realizando hoje um média de 490 partos por mês, quando, na época que a Mãe Pobre funcionava, esse número era de 220/mês.

Balanço – Promovido há 10 anos através da Coordenação das Delegacias, Comissões de Ética e Representações (Codecer), o Cremeb Itinerante contemplou cinco regiões em 2021: Extremo Sul, Sudoeste, Extremo-Oeste e Vale do São Francisco. Para 2022, o projeto será retomado pelas regiões que não foram visitadas este ano: Centro-Oeste (Irecê e Seabra), Norte (Paulo Afonso) e Nordeste (Feira de Santana, Alagoinhas e Serrinha). Além dessas, outras cidades serão visitadas, cujo calendário será divulgado tão logo as agendas forem confirmadas. “Esse é um trabalho constante, pois não podemos deixar de conhecer os principais enfrentamentos da classe médica e dos serviços de saúde de cada região do nosso estado. O nosso objetivo é estar cada vez mais próximo de quem vive no interior”, concluiu a conselheira Aline Guimarães.

 

 

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