Cremeb é contra uso de “câmeras de desinfecção” e emite alerta
15 de maio de 2020
O Conselho Regional de Medicina do Estado da Bahia (Cremeb) vem a público compartilhar o Parecer da Câmara Técnica de Medicina do Trabalho, emitido em 13 de maio, sobre as câmaras de desinfecção anunciadas por representantes do governo do estado da Bahia, e que estariam sendo instaladas em hospitais públicos.
Estas câmaras, através da aspersão de produtos químicos sobre os profissionais, supostamente teriam o poder de diminuir as taxas de contaminação de profissionais de saúde que estivessem trabalhando no enfrentamento à Covid-19.
Ocorre que esta hipótese não encontra fundamentação científica e coloca seus usuários sob risco. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e o Conselho Federal de Química alertaram e a Câmara Técnica de Medicina do Trabalho do Cremeb ratificou que não existem dados de segurança no que se refere a dose, concentração e frequência de utilização de produtos químicos (peróxido de hidrogênio, hipoclorito de sódio, amônia quaternária ou ozônio) para utilização direta em pessoas. A situação pode acarretar ainda uma maior susceptibilidade individual e risco de desencadeamento de reações de sensibilidade dérmica e respiratória.
Como tal, o Cremeb recomenda que todas estas câmaras de desinfecção sejam imediatamente desinstaladas dos serviços de saúde. Caso venham a ser utilizadas, apenas o sejam em protocolos de pesquisa, registrados em Comitês de Ética em Pesquisa e que seus usuários o façam após autorizarem ser participantes da pesquisa.
Em sentido mais amplo, consideramos que o gasto na instalação de tais equipamentos não se justifica segundo as normas da moralidade pública, a menos que em protocolos de pesquisa como já citado.
Conclamamos aos poderes públicos e à sociedade para que evitem utilizar tais equipamentos em vias públicas, não façam aquisição de tais equipamentos (ainda que por doação) e denunciem a utilização inadequada e danos decorrentes de tais produtos.