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Menos aplauso e mais respeito!

4 de maio de 2020

O Brasil vive momentos de angústia e sofrimento provocados por um inimigo invisível, quase intangível. Não, não se trata do coronavírus! Esse vírus apenas abriu a fenda de onde se projetam aplausos nas janelas. Mas, manifestações de desprezo e preconceito, misturados com a sordidez do aproveitamento político de uma pandemia destrutiva, estão atingindo cruelmente e injustamente profissionais da saúde que, neste momento tão difícil, deveriam ser apoiados.

Os profissionais de saúde estão sendo considerados os “soldados” da sociedade, que, na frente de batalha, enfrentam o inimigo silencioso e mortal. Adoecidos e mortos, alguns, tem restado aos demais, vencendo o medo e a pugna contra a doença, se deparar, para espanto e decepção, com o menosprezo do governante. Na tentativa de ocultar as falhas que administrou por não ter disponibilizado equipamentos de proteção a todos em tempo, Rui Costa culpa os próprios profissionais de saúde pela contaminação e o adoecimento.

Em programa exibido nas redes sociais do governo no último dia 24, Rui Costa afirmou, de forma infeliz, que a contaminação entre médicos e funcionários pode estar acontecendo por descuido dos trabalhadores no horário de descanso, como se lugares de repouso decente os “soldados” da saúde tivessem. “O que nos chega de informação é de que muitas vezes, fora de atendimento, os profissionais de saúde estão conversando entre eles com a guarda baixa, sem proteção e favorecendo o contágio entre eles”, disse.

 Tal atitude irresponsável de um governante reverbera negativamente na sociedade, estimulando que profissionais de saúde sejam agredidos, intimidados, escorraçados e, preconceituosamente, obrigados até a usar os elevadores de serviços dos prédios onde residem, como o pretexto absurdo de estarem contaminando esses locais (confira imagem abaixo).

O Conselho Regional de Medicina do Estado da Bahia (Cremeb), nesta hora difícil, conclama a sociedade baiana, seus governantes e demais autoridades a repensar a situação a que estão expostos os médicos. O Conselho condena com veemência qualquer tipo de preconceito, o menosprezo e a falta de apoio – como condições de trabalho, contratos e salários dignos – a quem diuturnamente enfrenta ambientes hostis, pondo a sua vida e dos seus familiares em risco para prosseguir na luta pela vida que não é a sua própria.

Uma sociedade e governos que não sabem valorizar quem está dedicado a cuidar não poderão, lá na frente, se lamentar pelas consequências desse desatino.

Os aplausos nas janelas são bem-vindos, mas não compensam as agressões recebidas.

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